terça-feira, outubro 30, 2007

Medo

Um furacão daqueles, intenso, com forca destruidora.
Dor enorme na cabeça. Hospital, medicação intravenosa, sono.
Medo?
Sim, eu senti medo.
Eu sinto medo.
Mas não está sendo a única vez...
Eu senti medo quando eles me contaram um segredo forte e que doeu muito, quando ficamos nós duas, pequenas e confusas, em meio a tudo, ou melhor, a nada.
Eu senti medo quando vi que ela também sofria por amor. Logo ela, meu exemplo, meu espelho.
Eu senti medo quando tive que encarar alguém que me fez sofrer, fez a família sofrer. Eu tive que olhar no olho...
Eu senti medo.
Eu senti medo quando mamãe ficou doente. Quando percebi que talvez aquele fosse o último beijo, o último toque, palavras, declarações de amor.
Eu senti medo quando não a vi mais, quando a porta fechou, quando o corredor ficou vazio.
Eu e você. Eu sem você.
Eu senti medo quando dei as costas, quando entrei no quarto para esperar horas a fio pela cirurgia.
Eu senti medo, muito medo
Medo de não voltar a ver, medo do distanciamento, da saudade.
Eu senti medo quando me senti sozinha. Completamente sozinha.
Medo. Sim, eu já senti muito medo.
Eu já senti a força de um furacão no peito.
Dói e como dói.
Chrystiane Guedes