segunda-feira, dezembro 25, 2006

Somente ele é capaz. E mais ninguém

Ele era assim, como qualquer neném. Se olhássemos seu corpinho podíamos jurar que nada de diferente havia. Mas ao observar seu rosto, notamos seus detalhes. A boquinha não é como a nossa, nem o nariz, nem os olhos. Não sei dizer quanto tempo fico parada olhando e olhando. Imaginando as razões dele estar tão sozinho e de ser tão feliz. Ele acorda, olha ao redor, se mexe, dança.
Parece até que seu mundo é perfeito e aquele ser tão pequeno nos ensina lições que décadas são incapazes. Impossível não morder os pezinhos, não cheirar as mãozinhas, parar de fazer carinho. Ao deslizar os dedos por sua cabecinha, os olhinhos se fecham, parece que todo o sono do mundo chegou até ele.E em pouco tempo, se agita, olha os dedinhos, fica com vergonha, esconde o rosto com as mãos. Depois coloca tudo na boquinha e tira. Olha fixo para o vazio e faz um barulhinho de felicidade. Faço cócegas em sua barriguinha, as mãos se agitam numa sincronia perfeita, que somente ele é capaz. E mais ninguém.
Chrystiane Guedes